Meninos, Eu Vi...

5 de junho de 2013

Sim, eu vi, mas não foi o bravo Tupi de Gonçalves Dias. O que vi foi a imagem de um índio mundurucu desembarcando de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para uma manifestação em Brasília reivindicando a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia, incluindo Belo Monte e Tele Pires, bem como a interrupção dos estudos para construção do complexo das usinas no Tapajós, todas no Estado do Pará.
      Nosso amigo munducuru não estava sozinho. Era um entre dezenas de índios conduzidos pelas asas da FAB para a tal manifestação que, ainda que justa perante o código democrático, não encontra fundamento diante da demanda reprimida de energia para o cambaleante crescimento nacional.

      O insólito fato, flagrado com rara felicidade pelo fotógrafo Antonio Cruz, me remeteu a uns versos do poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, que certa vez li:

  "[...]
Na primeira noite eles se aproximam
E roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
Pisam as flores, matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

      Confesso que fiquei surpreso, indignado e imaginando como seria...
     Causar-se-ia ainda espanto ou surpresa, caso um comboio do Exército chegasse a Brasília, com centenas de trabalhadores sem-terra, para uma manifestação democrática contra a morosidade na execução da reforma agrária?

      Meninos, eu vi...

1 comentários:

Médico de Almas disse...

kkkkkk...
Realmente não dá pra saber o que vem pela frente.
Parabéns!!